Mensagens de Inês de Castro

Mensagens de Inês de Castro
Título: Mensagens de Inês de Castro
Autor: Caio Ramaccioti e Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito: Inês de Castro
Género: Romance
Editora: GEEM
Observações: 1ª edição em 2006

A obra faculta um novo olhar sobre os primeiros séculos da História de Portugal, do conhecido drama de D. Pedro e Inês de Castro e da mentora espiritual de Portugal, Isabel de Aragão, a Rainha Santa. Através das mensagens de Inês de Castro ficamos a conhecer um pouco melhor essa alma romântica e determinada a fazer o bem, enlevando-nos nas suas palavras apaixonadas por D. Pedro. Ficamos ainda a conhecer como os primeiros séculos da existência de Portugal foram sendo vistos pelo plano espiritual, sobretudo a partir do reinado de D. Dinis.

A história deste amor dos tempos medievais não termina com a trágica morte de Inês de Castro. Pedro e Inês continuam a sua viagem de evolução em sucessivas reencarnações até à proximidade dos nossos dias. O mesmo sucede com o rei D. Afonso IV, pai de D. Pedro I. Afonso IV morreria poucos anos após a decapitação de Inês, mergulhado num profundo arrependimento pelo ato executado a seu mando, pois achava ele que o estado estava em perigo, porém, vir-se-ia a provar que estava enganado. Nesta obra compreende-se a intervenção amorosa e a elevada dimensão espiritual da Rainha Santa Isabel, mãe de D. Afonso IV, esposa do Rei D. Dinis.

Esta é uma obra pungente que nos faz reflectir sobre a dimensão do amor, profundo, que vence as dimensões da morte e que vai muito para lá da janela romântica. É uma obra que nos consinta a reflexões profundas sobre as nossas responsabilidades na vida e ao propósito que lhe podemos dar.

Esta obra tem como base mensagens de Inês de Castro psicografadas pelo nobre Médium Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), que as vai entregar ao autor do livro. A partir delas, de inúmeros diálogos com Chico Xavier e de vasta pesquisa histórica, Caio Ramaccioti narra-nos os acontecimentos medievais juntando a esses factos a perspetiva espiritual.

 

Citações

“Inês, eu sofro muito…

Incapaz de sopitar os sentimentos que me turbilhonavam no coração, expliquei francamente:

– Eu vos amo com todas as forças de minhalma, eu vos amo desvairadamente, senhor! Acaso não vedes que as minhas lágrimas falam mais que as palavras?

– Então, salvai-me deste sofrimento, dissestes.

– E quem me salvará, senhor? Repliquei no pranto convulsivo em que me desfiz totalmente.

– Eu vos salvarei – respondestes.

Então, no aposento isolado, me tomastes nos braços fortes, como querendo guardar a minha fragilidade na fortaleza de vosso peito leal e magnânimo e beijastes tão profundamente e tantas vezes, qual se quisésseis marcar-me com o vosso amor para sempre.

Desde esse instante, confirmei a mim mesma que eu nascera propriamente vossa” (p. 141/2).

 

“no início de 1357, morre D. Afonso IV aos 66 anos. O velho guerreiro, afeito aos rigores das campanhas, nos últimos meses de sua vida, já mostrava sinais de desalento.

Dividira parte das funções reais com o filho, por meio do acordo definido nas Pazes de Canaveses, entretanto, continuava reinando.

Alquebrado, seus pensamentos se detinham insistentemente no triste 7 de janeiro de 1355, quando determinou a morte de Inês de Castro” (p. 157).

 

“Isabel, a Rainha Santa, é personagem essencial neste livro. Vemo-la e a sentimos em todo o desdobramento dos fatos históricos e de suas consequências.

Recolhe Inês de Castro na Vida Maior, após a tragédia de 7 de janeiro de 1355 e ampara-a no Plano Espiritual. Do mesmo modo que socorre o neto no plano físico.

Inspira o filho D. Afonso IV e sua esposa, D. Beatriz de Castela, a compreenderem a necessidade do entendimento com D. Pedro, o que leva ao acordo sedimentado nas Pazes de Canaveses.”

Diz a história, bem coo o próprio espírito de Inês de Castro, em uma de suas mensagens, que a Rainha Santa adotou Afonso Sanches (filho de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues Telha) qual filho do coração, rogando-lhe perdão ao irmão, Afonso IV, que o hostilizava, enciumado da especial afeição que lhe devotava o rei. (p. 201/2).

 

“O espírito, inteligência imortal, não perde os vínculos com o plano físico e nem os laços com os entes queridos, com facilidade. Uma tarefa começada, ou razoavelmente adiantada, não se interrompe de todo com a morte física” (p. 192).

 

“a História não regista os factos como realmente ocorreram. As relações terrenas baseiam-se no que parece, mas os apontamentos espirituais repousam naquilo que é” (p. 193).

 

“D. Dinis, afeito aos gestos caridosos da esposa, indaga-lhe:

– O que trazes aí, Senhora?

– São rosas, Senhor!

– Rosas em janeiro? Isso é um milagre. Deixe-me ver.

Isabel abre o avental, e rosas se espalham pelo chão…

E o povo todo se ajoelhou diante da nobre senhora.” (p. 203)

 

“E somente quando viu D. Pedro render-se ao amor materno, em Marco de Canaveses, sob a proteção e inspiração da grande isabel, é que Inês, consciente da sua própria desencarnação, caiu também vencida pela humildade de Isabel, concordando em retirar-se da presença de D. Pedro – para que ele seguisse em seus novos empreendimentos – acolhendo-se nos braços maternais da Rainha Santa, saindo da paisagem portuguesa, orando e soluçando…” (p. 249)

 

“Amado rei,

Um dia,

Fosse pela verdade ou pela fantasia,

Procurei sobre a terra

Onde haveria de encontrar

O poema de amor, o mais terno e o mais lindo,

O poema de Luz que me pudesse dar

A notícia de Deus na grandeza da vida.

 

Procurei a açucena por ser flor

De aroma estranho e raro,

E ela disse não ter para ofertar

Semelhante poema

De grandeza suprema

Porque, na essência, unicamente era

Um enfeite gentil da primavera.

 

Pedi ao sol esse tesouro,

Mas jorrando os fotônios que produz,

Disse o sol balançando os cachos de ouro

Que somente podia oferecer

Poemas de calor, de alegria e de luz.

 

Roguei à fonte que me desse

Algum desses poemas imortais,

Mas a fonte me disse que podia

Afastar-me da sede e nada mais.

 

Pedi à brisa me envolvesse o anseio

Nesse poema assim profundo,

E a brisa respondeu, alígera e singela,

Que Deus unicamente dera a ela

O poder de acalmar o calor do verão,

Quando o verão quisesse incendiar o mundo.

 

Então sob a fadiga da procura

Na longa caminhada

Dormi na própria estrada

E cheguei a sonhar

Que vinhas do mais Alto,

De longe, muito longe,

Da imensidão celeste.

 

E me trouxeste, oh! Soberano Amado,

O excelso poema inexplicado.

Nada disseste pelo verbo humano,

Mas me entregaste, amado soberano,

O poema divino em versos dos mais sábios,

Na esplendente nudez dos próprios lábios.

 

Então senti, precipitadamente,

 

Que o poema esperado

Estava todo escrito em vibrações sublimes,

Em altas vibrações,

E eu para entendê-las

Fazia inesperadamente em mim

Um alfabeto de estrelas.

 

E compreendi, amado rei,

Que o poema aguardado

Era feito de luz, vida e canção

E que somente existe para mim

Por força eterna da Divina Lei,

Na luz do vosso amado coração”

(p. 259, poema de Inês de Castro)