O trabalho mediúnico na Casa Espírita

 

“Não há educação mediúnica sem crescimento moral, conquista que atrairá os Bons Espíritos, fortalecerá os laços com o Anjo Guardião enquanto reforça o nível energético do perispírito e melhora a organização mental de tal modo que o banco de dados das ideias arquivadas esteja prontamente disponível” 

(Vivência Mediúnica, Projecto Manoel P. de Miranda. Orientações gerais aos participantes) [1]

 

A atividade da Casa Espírita visa esclarecer e consolar, as pessoas que a frequentam e os que se manifestam nas salas de trabalho mediúnico.

O esclarecimento visa expor os ensinamentos do cristo sobre as responsabilidades do viver e da forma como nos devemos comportar em relação aos outros pelo exercício fraterno da caridade e do respeito, mas também para connosco mesmo. Já vivemos antes e a vida continua, por isso, a forma como vivemos hoje é resultado de como moralmente vivemos antes, em vidas pretéritas e na vida atual.

Quando o corpo morre, e por ignorância da maior parte de nós, desconhece-se o significado das palavras de Jesus quando falou sobre a continuidade da vida. E é por continuar que a alma (o espírito) perdura. Por isso, quando um espírito se manifesta na Casa Espírita está-se perante a essência do ser que anteriormente habitou um corpo, numa época e situação mais ou menos distante da atual. Isso pouco importa na verdade.

O que importa é o consolo do espírito sofredor sobre o que possa sentir face ao desconhecido e separação dos entes queridos, nomeadamente quando esse é o caso da sua dor. O esclarecimento sobre a sua situação ajuda a compreender sobre o facto de já não habitar o seu corpo, pois este morreu, mas porque a vida continua, o diálogo está a acontecer, as suas ideias, sentimentos e memória perduram. O diálogo acontece por intermédio do médium, que naquela circunstância é o veículo para que a comunicação aconteça.

Quando se trata de espíritos moralmente mais endurecidos o consolo poderá vir mais tarde, pois há que primeiro esclarecê-lo, de forma amorosa, sobre os benefícios da mudança de conduta e prejuízos face à Lei de causa e efeito perante o recalcitrar no mal.

Na Casa espírita as pessoas que a frequentam buscam compreender de forma mais profunda os ensinamentos do Cristo, o grande terapeuta das almas. Buscam o consolo para as suas dores. E tal como Jesus fazia no seu tempo ao impor as mãos sobre a cabeça (na zona da glândula pineal) libertando a pessoa da ligação mental a espíritos que as perturbava, na Casa Espírita faz igualmente a administração do passe com o mesmo fim.

Na Casa Espírita as pessoas também procuram a ida às salas de trabalho mediúnico, porém, ali, onde os espíritos se manifestam, o objetivo é consolar e esclarecer os espíritos, não as pessoas. A pessoa pode libertar-se das ligações ao espírito que é ajudado, mas se esta não muda o seu comportamento outros virão à sua sintonia. Em suma, o mais relevante para o bem estar da pessoa é a palestra, o passe e as leituras edificantes, para que se esclareça, prenda a mudar o seu íntimo, única forma de quebrar a sintonia com espíritos indesejados e aumentar a conexão com espíritos amigos e que podem ajudar à sugestão que apoia à coragem para que se vença os desafios do quotidiano. A ida às salas de trabalho mediúnico é muito importante para casos de maior perturbação e pelo período de tratamento que se determina pelos dirigentes da Casa Espírita face à situação de cada um. Contudo, a chave da mudança para melhores dias está do lado da força da vontade que cada pessoa para se melhorar como ser espiritual que é. De pouco ou nada lhe serve frequentar a Casa Espírita, se trabalhador na Casa Espírita, ou ir às salas de trabalho mediúnico se não ganhar instrumentos que o ajudem a modificar-se para que alimente melhores palavras, pensamentos e atitudes, para consigo e para com os outros. A reforma íntima não é uma expressão é um esforço de uma vida, pois não se vive apenas uma vez, pelo que o trabalho realizado e seus benefícios não se esgotam na vida presente. E neste aspeto a Casa Espírita é uma escola para as pessoas e um hospital para as almas.

Os espíritos, por equívoco, má intenção, ou agindo como protetores e impulsionadores do avanço pessoal e social, ligam-se à sintonia psíquica das pessoas. Se a interferência dos espíritos (desencarnados) sob o pensamento das pessoas (espíritos encarnados) é negativa, o efeito provocado pode derivar em desarranjo químico, orgânico e comportamental. Este pode ir desde o simples mal-estar até às perturbações do sono, passando pelo incentivo a vícios e à escalada da angústia, neurose, depressão, obsessão, bem como a eventuais maus-tratos autoinfligidos e ideação suicida. A perturbação sentida pode ainda estar associada ao desenvolvimento de uma mediunidade não educada da pessoa, nomeadamente se se tratar de mediunidade de psicofonia (vulgarmente designada de incorporação). Nestes casos, a pessoa está sujeita a receber os espíritos que nela se manifestam (compulsivamente querem manifestar), em muitos casos com o intuito de embaraçar a própria pessoa.

É importante notar que a causa da perturbação ou doença psicológica, psíquica ou mental é sempre de origem espiritual, podendo esta, pela continuação da perturbação, derivar numa doença com efeitos orgânicos. Por conseguinte, o tratamento médico complementado pelo tratamento espiritual pode ser fundamental para alívio de sintomas e terapia para a cura. Sobretudo, é relevante para a compreensão da origem do problema e, assim, para que a pessoa se possa munir dos devidos instrumentos de proteção: modificação de pensamentos e aceitação da dor nos períodos de menor estabilidade, isto, até que possa melhorar a sua condição. A modificação de comportamentos, nomeadamente os auto lesivos, a compreensão da realidade espiritual e o entendimento sobre a dinâmica entre passado e presente na aplicação da lei de causa e efeito podem ajudar a introduzir a razão neste processo e, assim, contribuir para a modificação íntima – a melhor das terapias.

Oração e vigilância aos próprios pensamentos, tal como ensinado por Jesus, é igualmente um importante instrumento de terapia e autoajuda, pois, por ordinário, são os espíritos quem nos comandam. Neste sentido, para que desenvolvamos afinidade e harmonia com os espíritos que nos podem inspirar e ajudar ao bem, em vez de o fazermos com aqueles que nos perturbam, temos de fazer a nossa parte do trabalho.

É pela espiritualidade superior, pelos antigos amigos e familiares, que do outro lado da vida recebemos auxilio, seja pelo encorajamento e sugestões amigas para tarefas simples do quotidiano ou mais complexas envolvendo a criatividade e o conhecimento, como por exemplos as que visam o avanço das ciências, das artes, da cultura e da sociedade.

Para melhor ilustrarmos a dinâmica de cooperação nas salas de trabalho mediúnico na Casa Espírita damos alguns testemunhos das interdependências entre doutrinador, médium psicofónico, espíritos que se manifestam no médium, pessoa que vai a tratamento (na sala de trabalho mediúnico), espiritualidade superior (que organiza a vinda dos espíritos que se manifestam, mantém os trabalhos sobre proteção divina e em equilíbrio, regulando aquilo que os espíritos estão autorizados a dizer nas suas manifestações, e, por meio da sugestão ao pensamento, apoia as ideias do doutrinador para que este estruture o seu diálogo com o espírito face a cada situação em particular), e o uso dos ensinamentos de Jesus.

 

Primeiro – o médium psicofónico

O Médium disponibiliza o seu corpo e magnetismo para o trabalho mediúnico, pelo que é o instrumento usado pelo espírito para que este se possa comunicar. Ele é o veículo que permite o diálogo entre o doutrinador e o espírito, pois a proximidade do espírito da realidade terrena – associada à sua condição moral (baixa ou pouco esclarecida) impede-o de escutar a espiritualidade superior. Porém, ela está sempre em ação, desde logo pela condução do espírito ao consolo junto da Casa Espírita, ou de um médium sensível onde encontra fluídos de auxílio (em qualquer parte onde este se encontre – ou seja, fora da Casa Espírita).

Após a morte do corpo o espírito não tem consciência sobre a transição entre o plano terreno e o espiritual, pelo que ao despertar no outro lado da vida sente-se como sempre se viu, em vida. Muitos destes ainda pensam que estão na Terra, pelo que mantêm as mesmas projeções de ideias que antecederam a morte, bem como as mesmas sensações e as mesmas preocupações. Quando se manifestam no médium estranham a explicação da morte, pois se estão a dialogar é porque estão vivos, e estão, mas já sem corpo.

Um testemunho do despertar após a morte é-nos dado pelo espírito André Luiz, que na sua última existência tinha sido médico na Terra, onde era um benemérito pela ajuda a desvalidos. Porém, e apesar dessa conduta, isso não evitou sete anos no umbral (num plano espiritual inferior – de dor) até ser resgatado pela sua mãe para um plano espiritual superior. Passou no umbral os anos que retirou à vida, por ter precipitado a sua morte (natural) pela incúria alimentar e outros hábitos não saudáveis. Este espírito, André Luiz, viria posteriormente a colaborar na elaboração de inúmeras e importantes obras psicografadas pelo médium brasileiro Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier). Nessas obras testemunha-se, por exemplo, a forma de vida no plano espiritual. Estas são obras fundamentais na literatura espírita e que demostram quanto o trabalho em prol de outros nunca acaba, seja o que se realiza deste lado da vida, seja aquele que se concretiza do outro, na pátria espiritual.

Para a prática da mediunidade na Casa Espírita é fundamental o estudo das obras da codificação Espírita de Allan Kardec, tal como refere Yvonne do Amaral Pereira em “A Luz do Consolador” [2]:

“O estudo fiel e dedicado dos Evangelhos, portanto, e também da Doutrina dos Espíritos, é indispensável àquele que deseje prestar a sua colaboração. (…) São aquisições difíceis, que requerem perseverança e muito amor, humildade e raciocínio isento de personalismos e conveniências. (…) Teremos que nos renovar para a Doutrina: aprimorar nossa moral, educar a mente e o coração, mas jamais deturpá-la com as nossas opiniões pessoais, sempre prejudicadas.” (p. 49)

 

Segundo – o espírito e a pessoa que procura ajuda na Casa Espírita carecem de consolo

A presença do espírito no médium deve ser compreendida como sendo de um sofredor que carece de consolo e não como um malfeitor, embora possa ser maldosa (por ignorância espiritual) a sua motivação em relação à pessoa que “persegue”.

O indivíduo que vai em busca de ajuda à Casa Espírita, nomeadamente a que procura o tratamento na sala de trabalho mediúnico é igualmente um sofredor. É o exemplo da pessoa que é perturbada por ideias obsessivas induzidas pelo espírito obsessor (um ou mais), que tenha como objetivo destruir a pessoa, desanimá-la, entristecê-la, ou anular-lhe a vontade de realizar coisas edificantes.

No caso de um espírito obsessor, que busca a vingança da pessoa por motivos de desavença grave em vidas passadas, importa esclarecê-lo sobre a lei de causa e efeito e a relação espaço-tempo. Por decorrência desta lei, sucede que a dor que o espírito foi vítima e que se transformou em ódio, e, por essa razão, procura imprimir à sua vítima (pessoa que persegue) é equivalente a uma outra dor que terá causado, numa vida passada à qual sofreu aquilo de que se queixa, ao mesmo pessoa (espírito) que depois lhe causa o mal sofrido. São estes ciclos de perseguições alternadas em vidas sucessivas que se procura terminar trazendo ao diálogo este racional. Explicando que tudo tem uma causa e que ninguém é vítima, mas sim a causa do mal sofrido e que já fez sofrer, pelo só o perdão põe fim ao ciclo de perseguições.

Tudo isto é-lhe explicado pelo doutrinador, sublinhando que as motivações de vingança alimentam um estado de tensão, angústia e desconforto das quais só se livra por ação do perdão. Ao compreender que a origem da dor sentida está no orgulho ferido, o espírito é impelido a escutar as sugestões e explicações do doutrinador, nomeadamente sobre o facto de que a justiça que procurava mais não é do que vingança, e não justiça, como tantas vezes se julga. Afinal, a verdadeira justiça não é a dos Homem, mas sim a de Deus, que se materializa pela lei de causa e efeito.

Neste diálogo, o espírito pode ser levado a constatar que também ele já foi perdoado, pois se sofreu foi porque antes fez sofrer. E como somente o perdão resolve este ciclo imparável de causa e efeito, é hora de o fazer. Por vezes é necessário confrontar o espírito com a visão do seu passado. E é com o auxílio dos espíritos, que cooperam e organizam os trabalhos mediúnicos, que lhe é mostrado o acontecimento onde este foi o algoz, provavelmente, daquele que agora procura vingar-se.

O espírito é ainda esclarecido sobre o facto de que a pessoa que persegue vive uma nova vida, num novo corpo, numa nova reencarnação, com novos princípios morais, ou com a intenção de os alcançar. Por norma a compreensão desta realidade convence o espírito a baixar os seus intentos mais funestos e a aceitar a importância do perdão. Quando isto não sucede e ao se mostrar relutante, por norma, é afastado da pessoa e vigiado (como que encarcerado espiritualmente), até que cede, gradualmente, ao seu orgulho (que ainda o domina). Isto, até nova(s) doutrinação(ões), ou ajuda direta no plano espiritual. Neste processo, o espírito vai compreendendo e cedendo, até ao momento em que possa modificar o seu pensamento e prosseguir o seu caminho de elevação espiritual, libertando-se da proximidade terrena, e da dor e do ódio que sentia.

No caso da pessoa que está na sala mediúnica a receber a respetiva ajuda é muito provável que já tenha evoluído o seu comportamento relativamente ao que tinha (numa vida pretérita) quando originou a desavença e motiva a busca de vingança pelo espírito obsessor.

Esta pessoa está numa Casa Espírita, já se humildou ao pedir auxílio, provavelmente esforça-se para compreender a sua realidade espiritual, pelo que são agora as suas ações que denotam a sua vontade de modificação e sintonia, pelos pensamentos que alimente, com espíritos que podem colocar-se na sua sintonia de sentimentos (mais ou menos elevados), porém, isso não livra a pessoa de dores pelas quais tenha de passar por consequência da lei de casa e efeito, embora ampare, e muito.

De facto, a pessoa tem de pacientemente trabalhar a sua modificação interior, nomeadamente pelo equilíbrio entre o seu Self (alma) e o seu ego (pelo qual se excitam as necessidades deformadas pelo orgulho, pelo egoísmo, pelos prazeres mundanos). É um trabalho aturado, mas fundamental para o seu bem-estar. Se todos vivemos num mundo de expiação e provas, ninguém está em vantagem em relação ao outro. Por isso, todos nos encontramos “endividados” face aos nossos atos (com consequências morais) do passado.

Neste sentido, nunca é tarde para compreendermos os ensinamentos de Jesus. Neste âmbito, a Casa Espírita procura ser a escola que fala sobre estas dinâmicas do Eu, do Espírito, da interação espiritual e terrena, bem como dos instrumentos que podemos usar para nos melhorarmos. Por exemplo, pela disciplina, oração e vigilância de sentimentos e pensamentos. Sobretudo, é importante focarmos atenção no trabalho de autoconhecimento, de libertação e manutenção do bem-estar íntimo.

 

Terceiro – o doutrinador procura esclarecer o espírito sobre a sua realidade

Para esclarecer os espíritos sobre o seu novo estado, o doutrinador usa diversas abordagens para avançar no diálogo. Mas somente pela transformação de vontades por parte de ambos, espírito e pessoa (à qual este se mantém/ que manter ligado), é que se poderá dar a reconciliação. Um perdoa (fim da perseguição espiritual) e o outro merece o perdão (fim da expiação terrena relativa àquela situação).

A doutrinação surge como mediador neste acontecimento, pelo que é um trabalho de caridade. Ambos precisam de consolo e esclarecimento. O espírito merece essa ajuda e por isso é conduzido à Casa Espírita para ser esclarecido. A pessoa, pelos seus esforços de modificação (desde logo aquele que a leva à Casa Espírita em busca de auxílio), também merece essa ajuda, pelo que a recebe pelo apoio terreno e espiritual.

Há inúmeras situações que poderiam ser descritas sobre a relação entre espíritos e pessoas perturbadas pela presença obsessiva de uns em relação a outros. Por exemplo, se o espírito está relutante em aceitar o facto de que já não está na Terra, o doutrinador pode convidá-lo a tocar no rosto que julga ser o seu, mas que na verdade é do médium pelo qual se está a manifestar. Ao fazê-lo dá-se conta da verdade. Após a confusão e negação inicial, o diálogo pode ganhar um novo sentido levando o espírito a compreender a sua nova condição.

Uma outra situação é quando o espírito se apresenta queixoso de sensações físicas, tais como frio, indisposição ou outra. Nestes acasos projeta-se a ideia de que já têm o que pedem, por exemplo, um cobertor, uma janela por onde agora passa o sol, etc. Tudo está na relação entre a sugestão entregue pelo doutrinador e a forma como os guias espirituais que conduzem os trabalhos induzem essas imagens no pensamento do espírito. O diálogo depois pode prosseguir de forma mais tranquila.

Outro exemplo decorre de acidentes, em que face ao choque e à sensação de dor, obriga o doutrinador a projetar a ideia da chegada de uma ambulância para a qual o espírito é convidado a entrar. O objetivo é providenciar o meio de socorro que sirva de alento ao sofrimento que ainda julga sentir a nível físico.

Outras vezes, o espírito é espectador do próprio aparato provocado pelo acidente que sofreu, mas não sabe que foi aquela situação que levou à morte do seu corpo. Nestas situações conduz-se/ pode-se conduzir o espírito até ao corpo caído, ou explica-se o sucedido sem que seja necessária essa evidência. Tudo depende do estado em que este aparenta estar para que a verdade lhe seja entregue.

Por norma, ao se dar conta do sucedido e aceitando a situação, sobretudo ao se perceber vivo – pois está a dialogar e a pensar – é-lhe explicado todo o resto. E casos há em que são simplesmente resgatados do local em que a morte se deu encorajando-os a seguir a voz do doutrinador, a se concentrar nas suas palavras e assim a ser retirado da projeção de ideias que o mantém em sofrimento. Depois de serenado já se torna possível estabelecer o diálogo. Explica-se questionando-o. E pelo diálogo o doutrinador vai compreender a situação a tratar, pois é o espírito que está a ver aquela realidade, não o doutrinador.

Noutros casos o espírito está queixoso e implorando pela presença do médico ou de um enfermeiro que, entretanto, não tinha chegado para o socorrer. Essa poderá ter sido a sua última súplica e preocupação antes da morte (do corpo). Nestas situações o espírito é retirado do local e do pranto de dor em que se encontra e levado para um hospital (no plano espiritual), ainda que este julgue estar num hospital na Terra. Por norma, o espírito é depois colocado num estado de dormência. A partir dali já pode ser ajudado no plano espiritual.

Noutras situações, os espíritos que se manifestam estão conscientes da sua realidade espiritual, porém, estão contra os trabalhos espíritas, que julgam ser de bruxaria, ou de outro género místico. Estes são por vezes antigos clérigos ou académicos, são espíritos moralmente endurecidos, orgulhosos. Nesses casos os diálogos são mais elaborados e a argumentação mais renhida. O orgulho e altivez intelectual destes indivíduos é o primeiro obstáculo a debelar.

A argumentação do médium face ao maior ou menor atraso moral do espírito, leva ao entorpecimento do espírito face ao que desconhece, e, assim, ajudando a que este ceda à revolta e à incredulidade em que se encontra. O diálogo termina quando se atinge o objetivo pretendido: consolar, ou ao adormecimento do espírito pelos guias que conduzem os trabalhos do plano espiritual.

Alguns destes vão retornar aos médiuns tantas vezes quantas sejam necessárias, para que nesse processo de diálogo e de mobilização de energia juntos daqueles que estão na sala mediúnica (médiuns, doutrinadores e esteio) possam (pela doação) apoiar ao quebrar dos liames de ódio que acorrentam o espírito à ignorância que o impede de abandonar a sua posição. É a caridade no expoente indicado por Jesus, faz o bem sem que olhes a quem e sem esperar que te agradeçam.

 

Quarto – a ligação do espírito à pessoa que vai à sala de trabalho mediúnico

Esta ligação acontece por razões de afinidade espiritual e vibracional decorrente, também, da lei de causa e efeito. Todavia, sendo a mediunidade uma característica humana, ela pode despertar ou manifestar-se em qualquer um, pelo que a pessoa que vai à Casa Espírita em busca de tratamento é, por vezes, médium psicofónico, mas com mediunidade não educada.  Nestes casos, a pessoa pode estar sujeita à manifestação compulsiva e em qualquer lugar por parte dos espíritos obsessores. Estes dominam o transe psíquico e o controlo do corpo da pessoa. Sobre este assunto ler “O Livro dos Médiuns” de Allan Kardec. A leitura das obras de Allan Kardec é fundamental para estas pessoas, pois precisam de compreender a naturalidade da mediunidade, mas também como proceder em relação a ela, nomeadamente junto de uma Casa Espírita.

 

Quinto – a espiritualidade superior

Sem a cooperação da espiritualidade superior não há proteção suficiente para que o trabalho mediúnico se realize em condições de segurança, tanto para os médiuns, como para aqueles que buscam o consolo e socorro. Nem mesmo possibilidade para que os trabalhos se realizem tal como eles se dão. Assim, é importante compreender que o trabalho na sala mediúnica sucede por intervenção destes guias espirituais, sendo a equipa terrena meros cooperantes. Mais referências sobre este assunto no livro o “Nosso Lar”, de Francisco Cândido Xavier, orientado pelo espírito de André Luiz) [3].

O consolo prestado na Casa Espírita é fruto da colaboração de uma vasta equipa e do sentido de caridade, visando-se a execução da obra de Jesus, tal como referiu em mensagem ditada pelo Espírito de Verdade nas obras de Kardec:

“Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades são encontradas no Cristianismo; os erros que nele criaram raiz são de origem humana. E eis que, além do túmulo, em que acreditáveis o nada, vozes vêm clamar-vos: Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade!” – (Espírito de Verdade. Paris, 1860, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Cap. VI, item 5).

 

Sexto – os ensinamentos de Jesus

Por fim, os ensinamentos de Jesus, pelos quais se pautam todos os diálogos e se guia a ajuda e inspiração de todos os intervenientes nos trabalhos na Casa Espírita. Foi Jesus quem ensinou sobre a continuidade da vida e a necessidade de caridade. Os espíritos que se manifestam e aqueles que buscam ajuda carecem de consolo sobre a Verdade da vida, que é eterna para o espírito.

Referências

[1] Item 20, recuperado de http://slideplayer.com.br/slide/1590527/.

[2] PEREIRA; Yvonne do Amaral, À Luz do Consolador, FEB, 1998.

Título: À luz do consolador

[3] XAVIER, Francisco Cândido, pelo espírito André Luiz, O Nosso Lar, FEB. Recuperado de http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/nossolar.pdf.

Título: Nosso Lar