Este livro é um poderoso lembrete sobre as diferenças entre as realidades absolutas e relativas em que vivemos. Não sendo ainda o tempo em que vivemos maioritariamente o tempo de Deus, esta forma de vida é, afinal, o que importa realmente. Todos o sabemos, todos o dizemos, mas poucos o vivenciamos com as escolhas diárias e com a forma como levamos a nossa vida.
Da abnegação ao achismo, do alcoolismo, à ansiedade, do apego ao corpo físico, ao ateísmo, do bem e do belo à convulsão social, da delinquência à descrença, do desespero à desobsessão, de Deus à caridade, do dinheiro às drogas, da educação à honestidade, de Jesus à ética, dos esposos e casamento à justiça e leis de amor, da lei de causa e efeito aos mitos sociais, do negativismo ao nadismo, do ódio à oração, do orgulho à paz, da perfeição ao progresso, do perispírito ao psiquismo, dos relacionamentos humanos aos resgates, do sexo à solidão, da tolerância à verdade, da violência à paz.
Aqueles são alguns dos temas abordados no livro, pois que “todas as coisas têm o seu tempo, e todas elas passam debaixo do céu segundo o termo que a cada uma foi prescrito”, conforme a epígrafe que abre a introdução à obra. Como nos diz Camilo, “o tempo é paciente. Ele vê os episódios ou os eventos das nossas vidas com uma santa calma. Ele revisa nossas tradições sadias ou infelizes, ele testemunha nossos gestos de nobreza ou de sombras; ele sonda a natureza dos pensamentos que acorrem em nossas cabeças”.
Este livro tem ainda a grande qualidade de ser escrito numa linguagem muito simples e acessível. O registo de Camilo é realmente mais limpo, mais acessível, menos académico do que, por exemplo, o de Joanna de Ângelis, tornando a leitura facilitada sem deixar de veicular, de forma concisa, as mensagens que conseguimos transportar para o nosso tempo, para a nossa vida.
Citações
“Um homem religioso, no cerne do espírito, talvez possamos afirmar, é aquele que valoriza seu tempo para libertar-se do seu egoísmo, com afinco. O modo de agir desse homem é uma coragem decisiva para construir um tempo de suma importância para o espírito, e firme convicção de que o coração e o cérebro estão ao serviço da vida espiritual.
Esses movimentos do espírito são de tal modo que marca o tempo da evolução da alma e da clara consciência de seu papel na criação de Deus.” (Camilo, p.10).
“No tempo de Deus, há sabedoria; no tempo de Deus, há felicidade; no tempo de Deus, há amizade; no tempo de Deus, há amor.” (p.10).
“Quantos há que simulam amar e servir a Deus por meio de louvaminhas, de palavras vazias de nobre sentido ou pelo uso de materiais oblatas, como se estivéssemos nos prístinos tempos da Humanidade, quando os encarnados viam o Criador do Universo através de lentes mitológicas que a sua psicologia lhes permitia” (p.33)
“Ninguém ama a Deus de verdade pelo facto de recitar, de cantar ou de presentear os variados altares com tudo o que haja de mais comovedor ou belo nessas áreas” (p.33)
“Cada um dos Espíritos dessa nova geração achará, no campo majestoso dos ensinamentos espíritas, o Deus e a crença que sempre sonhou encontrar: um Deus que não pune, porque ama, numa religião que não constrange, uma vez que não nasceu das desarmonias e conflitos internos de teólogos, mas da misericórdia dos Imortais para com as carências humanas e de uma vivência da crença sem preconceitos, posto que o Espiritismo nos demonstra que todos somos irmãos, filhos do mesmo Criador” (p.63).
“Acção é voz que fala à razão” (p.27)
“(…) todos somos médiuns da palavra” (p.95)