Vidas na Encruzilhada

Vidas na Encruzilhada
Título: Vidas na Encruzilhada
Autor: Arnaldo Costeira
Género: Romance
Editora: Associação Social Cultural Espiritualista
Observações: 1ª edição, 2005

A vida no hoje é tal como para ela nos preparamos a partir do pendor moral impresso no que vivemos antes, em vidas anteriores. A obra Vidas na Encruzilhada espelha esse facto contando-nos a estória da uma jovem que engravida e acaba expulsa de casa. É um relato de vida delicado e comovente, centrado na vida de Margarida, personagem que se vê proibida de ter o namoro com o rapaz, humilde, que amava e que se vê expulsa de casa pelo pai. Ele, ferido no seu orgulho de homem socialmente bem posicionado. Este é um romance que nos transporta para momentos da memória profunda, que nos desperta e educa, nomeadamente sobre o amor e o combate que todos travamos contra o orgulho. É ainda uma excelente forma de percebermos como é que as leis naturais da vida, como a de causa e efeito, que assistem a vida do espírito ao longo do seu processo de evolução, estão amparadas pela Obra de Deus. Obra coloca os factos da vida numa perspetiva ampla, ou seja, para lá da realidade terrena que se vive. Ao envolver o leitor nas relações existentes com vidas passadas através da cândida personagem do Sr. Fonseca, médium espírita, encontramos algumas causas e efeitos que ajudam a compreender a lógica dos acontecimentos na vida de Margarida, do seu amado e do pai orgulhoso, o Sr. Benevides. E é isto que o autor faz de forma magistral ao explicar a vida todos à luz de vidas pretéritas e dos compromissos que assumem antes de se voltar à vida em nova existência, aquela a que se refere o presente narrado.

 

Citações

“E a viagem corria…

Benevides começava a interessar-se vivamente pelo assunto…

– Então quer dizer que estas pessoas tinham que passar todas por este acidente?

– Não podemos dizer que as causas que o ditaram fossem iguais para todos, mas o certo é que, pelo menos, deveriam ser idênticas?

– Mas como é isso possível se muitos deles, provavelmente, se conheciam ou conviviam?

– Sabe, meu caro, um dos grandes males da humanidade reside na ignorância de coisas simples como é o caso da reencarnação. Por mais descobertas que façam, por mais curas de doença que surjam, nenhum facto será mais importante do que conhecer e encontrar a racionalidade nessa dádiva divina que é a reencarnação.

– Que quer o senhor dizer com isso?

– Quero dizer que nós somos espíritos e que não sendo a morte o fim da vida…

– Mas isso é o que dizem os orientais…

– Sim, mas foi o que garantiu também o Grande Mensageiro Divino, o Jesus de todos os cristãos.

–  Mas então o que é isso da reencarnação?

– É simples. Não havendo para a alma, como o afirmam todas as religiões, um fim, ou a morte como vulgarmente se diz, segue-se que ela, então como espírito…

– Espere, alma ou espírito?

– Nós dizemos que a alma é o espírito encarnado, isto é, o espírito enquanto está no corpo físico.

– Sim, mas continue.

– Estava dizendo que não havendo um fim para o espírito, segue-se que ele pode voltar a nascer…

– Bem. Agora desculpe mas eu sempre tenho alguma cultura religiosa. <essa de nascer outra vez é o baptismo de que fala a igreja. Nascer pela água e pelo espírito…

– Claro, meu caro, essa foi a versão ensinada por virtude da proibição que no século VI, no II Consílio de Constantinopla, foi feita e dirigida à reencarnação, instituindo o dogma da Vida Única, isto é, consignando que se nascia, vivia e morria não havendo lugar a nenhuma volta ao corpo. Aliás, quem raciocinar um pouco, verá que o que não existe não carece de proibição. Se foi proibido é porque na época existia a crença de que o homem voltava a nascer.

E ninguém pode escolher o mentiroso entre Jesus e os religiosos. Porque Jesus jamais mentiria a propósito. Logo os homens é que mentiram despudoradamente.” (p. 148-149)