Diz a autora “A mediunidade apresentou-se em minha vida ainda na infância, conforme relato em o livro Recordações da mediunidade. Com um mês de idade, ia sendo enterrada viva devido a um fenômeno de catalepsia, “morte aparente”, que sofri, fenômeno que no decorrer de minha existência repetiu-se muitas vezes. Aos 5 anos eu já via Espíritos e com eles falava, e assim continuei até os dias presentes. Nunca desenvolvi a mediunidade, ela apresentou-se por si mesma, naturalmente, sem que eu me preocupasse em atraí-la, pois, em verdade, não há necessidade em se desenvolver a faculdade mediúnica, ela se apresentará sozinha, se real- mente existir, e se formos dedicados às operosidades espíritas.”(p.15) É assim que se apresenta a autora no que concerne a esta faculdade. Esta obra trata de questões que todos nós colocamos. Alguns exemplos são: A vitória sobre a morte (p.31); A verdade mediúnica (p.35); A grande doutrina dos fortes (p.41); O estranho mundo dos suicidas (p.47); Aos jovens espíritas (p.53). A partir de questões colocadas à autora, ou levantadas por esta diversos ensinamentos vão sendo dados à luz do seu profundo conhecimento da realidade Espírita.
Uma destas questões chegou-lhe por carta: “- Um suicida por motivos nobres sofre os mesmos tormentos que os demais suicidas? Não haverá para ele uma misericórdia especial?”, a que responde a autora, “- De tudo quanto, até hoje, temos estudado, aprendido e observado em torno do suicídio à luz da Doutrina Espírita, nada, absolutamente, nos tem conferido o direito de crer que existam motivos nobres para justificar o suicídio perante as leis de Deus. O que sabemos é que o suicídio é infração às leis de Deus, considerada das mais graves que o ser humano poderia praticar ante o seu Criador. Os próprios Espíritos de suicidas são unânimes em declarar a intensidade dos sofrimentos que experimentam, a amargura da situação em que se agitam, consequentes do seu impensado ato. Muitos deles, como o grane escritor Camilo Castelo Branco, que advertiu os homens em termos veementes, em memorável comunicação concedida ao antigo médium Fernando Lacerda, afirmam que a fome, a desilusão, a pobreza, a desonra, a doença, a cegueira, qualquer situação, por mais angustiosa que seja, sobre a Terra, ainda seria excelente condição “comparada ao que de melhor se possa atingir pelos desvios do suicídio.” (…) Entretanto, tais consequências não decorrerão como castigo enviado por Deus ao infrator, mas como efeito natural de ma causa desarmonizada com as leis da vida e da morte, lei da Criação, portanto.” (p.48-9)
Esta é, pois, uma obra para aqueles que se sentem familiarizados com o vocabulário e realidade espírita. Constitui também um forte apoio, nomeadamente, para esclarecer sobre as questões tratadas, mas também sobre como abordar as suas respostas e as interdependências que algumas delas implicam.
Citações
“- Qualquer pessoa pode sentar-se à mesa para desenvolver a mediunidade?
– É lícito aos médiuns fazerem experiências psicográficas sozinhos, em sua residência?
(…)
Certamente, todos têm o mesmo direito perante Deus, e se dito que a mediunidade existe em gérmen na humanidade, em princípio qualquer um poderá sentar-se a uma mesa de sessão, a fim de experimentar as próprias faculdades.
Não obstante, convém meditar profundamente antes de se tomar tal resolução. A prática da mediunidade é um compromisso sério assumido com a lei de Deus e a própria consciência, e por isso jamais alguém deverá desenvolver a sua faculdade mediúnica sem antes conhecer regras necessárias ao bom êxito da iniciativa.
Não devemos esquecer que o médium irá franquear o seu ser psíquico: a sua mente e as suas vibrações, e até mesmo o seu corpo físico às forças ocultas da Natureza e que, desconhecendo o melindroso terreno em que se movimentará, correrá o risco de se prejudicar e ainda abalar a própria reputação da Doutrina Espírita. Daí a prudência e a vigilância aconselharem o candidato a fazer uma iniciação doutrinária prévia: conhecer as leis que regem o exercício da faculdade mediúnica e a sua finalidade, avaliar a delicadeza do compromisso que assume, as responsabilidades que as atividades que virá a exercer acarretarão e até mesmo os perigos que correrá, exposto às investidas dos espíritos desencarnados menos bons ou sofredores.
Além do mais, para que a mediunidade apresente bons frutos, servindo aos fins traçados pelas leis divinas, será necessário que o candidato a esse delicado posto adote a moral exposta nos Evangelhos. De acordo com os ensinamentos cristãos, deverá ele procurar corrigir em si mesmo os pendores inferiores que ainda possua, renovando-se moral, mental e espiritualmente, a fim de conseguir o equilíbrio necessário para se mostrar ao mundo como espírita cônscio das próprias responsabilidades, e acima de tudo, para atrair e merecer a proteção dos bons Espíritos e fortificar-se contra as investidas dos espíritos perturbadores.“(p.136-7)