“Li ‘Depois da morte’ e chorei as lágrimas mais doces de minha vida […] Gostaria de ser rico para editá-lo aos milhões e vê-lo em todas as mãos, sobre toda a Terra. Nada jamais será escrito em qualquer língua que seja tão grande e tão belo” (Em Léon Denis, O Apóstolo do Espiritismo). Com este testemunho do biógrafo de Léon Denis mostra a importância do livro Depois da Morte, um dos mais concisos, esclarecedores, e que li sobre a doutrina espírita.
Na primeira parte do livro, o autor faz uma viagem pelos países representantes das maiores religiões (Índia, Egipto, Grécia, Gália) e entra, depois, num estudo mais detalhado da evolução do Cristianismo, do materialismo e positivismo e da crise moral da humanidade. Por fim, refuta as várias teorias sobre a existência ou não-existência de Jesus que se desviam da verdade.
Na segunda parte, o autor aborda o que chama dos “grandes problemas”. Começando logo com a questão do universo e de Deus. Como disse o Dr. Bezerra de Menezes, o problema do homem não é com Deus, mas sim, com o próximo. Léon Denis elabora os seus capítulos como respostas a perguntas que todos temos, lembrando uma outra obra da doutrina – O que é o Espiritismo?, de Allan Kardec. Assim para aqueles que se perguntam por que Deus não criou os seres logo perfeitos, Denis responde: “Ora, a magnífica evolução dos seres através dos tempos, a atividade das almas e dos mundos, elevando-se para o absoluto, não é preferível a um repouso insípido e eterno? Um bem que não se tem merecido nem conquistado será mesmo um bem? E aquele que o obtivesse sem esforço poderia ao menos apreciar o seu valor?” (p.106). Sobre o porquê da vida, Denis diz: “A alma traz gravada em si mesma a lei dos seus destinos (…) Cada farrapo arrancado ao céu da ignorância que a cobre, cada faísca que adquire do foco supremo, cada conquista sobre si mesma, sobre suas paixões, sobre seus instintos egoísticos permite-lhe uma alegria pura, uma satisfação íntima, tanto mais viva quanto maior for o trabalho executado. Eis aí o céu prometido aos nossos esforços. O céu não está longe de nós, mas, sim, connosco. Felicidades íntimas ou remorsos pungentes, o homem traz, nas profundezas do seu ser, a própria grandeza ou miséria consequente dos seus actos”. (p.117)
Na terceira parte, o autor dedica-se ao mundo invisível, começando por alertar, logo no capítulo XXVI, sobre os perigos do, e, no Espiritismo: “O estudo do mundo invisível exige muita prudência e perseverança. Somente ao fim de muitos anos de reflexão e observação é que se adquire o conhecimento da vida, é que se aprende a julgar os homens, a discernir o seu carácter, a resguardar-se dos embustes de que está semeado o mundo. Mais difícil ainda é obter o conhecimento da humanidade invisível” (p.169). Porém, no cap. XXVIII defende que não há estudo mais fecundo do que esse do mundo dos espíritos. E que o espiritismo experimental pode tornar-se um meio de conciliação, um traço de união entre dois sistemas inimigos: o espiritualismo metafísico e o materialismo. “O espiritismo é uma poderosa síntese das leis físicas e morais, um meio de regeneração e adiantamento”, afirma.