O Céu e o Inferno

O Céu e o Inferno
Título: O Céu e o Inferno
Autor: Allan Kardec
Género: Doutrinário
Editora: Hellil
Observações: 1ª edição em 2020 (tradutor Arnaldo Costeira), original lançado em 1865 por Alan Kardec

Sendo obra da codificação espírita, é redundante dizer o quão importante é a leitura de O Céu e o Inferno, ainda assim reafirmamo-lo. Nos primeiros 7 capítulos, deita-se por terra a ideia do céu como paraíso ou como um lugar físico de ociosidade. Com uma argumentação limpa e inatacável, Kardec demonstra como qualquer céu ou inferno são apenas estados transitórios da nossa consciência. Na lição sobre os anjos e demónios, Kardec volta a demonstrar a incoerência das crenças antigas sobre esse assunto.
Na segunda parte, há um capítulo magnífico chamado “A passagem”, que fala da morte como um fenómeno biológico natural. Fica aqui o convite para a reflexão sobre a sabedoria deste capítulo que aborda precisamente o momento da morte. De que forma se opera este momento de transição? De que forma as nossas emoções influem neste processo de deixar a vida material? Como se dá aquilo a que se chama de perturbação no momento da morte, que não é a perturbação de alguém que está perturbado, mas sim da misericórdia divina de entrarmos num regime de inconsciência, como se fosse uma anestesia. Não vemos o momento da morte mesmo. E só depois, gradualmente, vamos recuperando a memória, não sendo incomum sermos recebidos por entes queridos. Kardec apresenta ainda várias exemplos de espíritos em variadas situações: espíritos felizes, sofredores, em condição mediana, espíritos de luz, suicidas, endurecidos, criminosos arrependidos e expiações terrestres. O que pesa no instante da morte é a consciência, é o estado das nossas mágoas guardadas, das nossas lembranças. Quais são os meus apegos? Qual a minha confiança na vida?

Citações
“Vendo-se a calma de alguns moribundos e as convulsões terríveis de outros, pode-se previamente julgar que as sensações experimentadas nem sempre são as mesmas. Quem poderá no entanto esclarecer-nos a tal respeito? Quem nos descreverá o fenómeno fisiológico da separação entre a alma e o corpo? Quem nos contará as impressões desse instante supremo quando a Ciência e a Religião se calam? E calam-se porque lhes falta o conhecimento das leis que regem as relações do Espírito e da matéria, parando uma nos umbrais da vida espiritual e a outra nos da vida material. O Espiritismo é o traço de união entre as duas, e só ele pode dizer-nos como se opera a transição, quer pelas noções mais positivas da natureza da alma, quer pelas descrições daqueles que deixaram este mundo. O conhecimento do laço fluídico que une a alma ao corpo é a chave desse e de muitos outros fenómenos. (…)” (2ª parte, 1º capítulo).

“A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e gozos materiais”. (2ª parte, 1º capítulo).