Joana D’Arc, Médium

Joana D’Arc, Médium
Título: Joana D’Arc, Médium
Autor: Léon Denis
Género: Biografias
Editora: FEB
Observações: 24ª edição em 2014

Este livro é um tratado de verdade sobre os feitos de Joana D’Arc, séc. XV, em favor da libertação da aniquilada e derrotada França face à conquista territorial Inglesa. Uma obra que clarifica sobre a origem e ciência da inspiração de Joana, que ela apelidava de vozes e visões. Os factos tratados nesta obra revelam a brutalidade, sevicias vividas no cativeiro e a injustiça em torno da sua condenação. Trata ainda sobre os factos relativos ao processo de reabilitação do seu nome e da verdade movido anos depois em seu favor. Processo que desencadearia o fim da Inquisição em França.

Joana D’Arc é mais do que a representação dos feitos militares e do sentido de liderança sensível, pois também é a expressão da vontade divina, na qual se expressa o sentido de nacionalidade. Facto traduzido no feito humano a partir da inspiração mediúnica vertida pela espiritualidade superior na figura da Pucela, a pastora Joana de Lorena. Joana, figura maior de França, admirada em Inglaterra e reconhecida pela sua elevação espiritual, que no decurso do seu Processo de condenação diz: “Nunca matei ninguém”. Um testemunho revelador da forma como entendia a sua missão em favor da França, mas não contra alguém. Um feito não simples dado que liderava o seu exército na linha da frente dos combates. Porém, empunhando o estandarte, não a espada.

Do Processo de condenação pode ler-se, a partir do testemunho de Luís de Contes, “Joana, diz ele, que era muito compassiva, apiedou-se de tal mortandade. Tendo visto um francês, que conduzia alguns prisioneiros, dar na cabeça de um deles uma pancada tão brutal que o homem caiu como morto, ela desceu do cavalo e fez com que o inglês fosse ouvido em confissão. Sustinha-lhe a cabeça e consolava-o como podia” (p. 172).

O livro está sobejamente documentado pelos factos registados nos processos de Condenação e de Reabilitação. Dos factos relatados destaca-se a inteligência com Joana se defendeu, sem nunca ceder às armadilhas dos inquisidores. Sobre um destes episódios pode ler-se: “Os juízes de Ruão, longe de se inspirarem no sentimento da equidade, buscaram inspiração em seus preconceitos e paixões, para condená-la. Desse julgamento iníquo, ela, dirigindo o olhar ao Céu, apela para o soberano juiz, que pesa em sua balança eterna as ações humanas. <<Confio em meu juiz!>> é o refugio dos espoliados, dos deserdados, de todos quantos a parcialidade feriu no coração. E nenhum o evoca em vão! Nada mais comovente do que a resposta que dá à seguinte pergunta: <<Sabes se estás na graça de Deus?>> <<Se não estou, que Deus me faça estar; se estou, que me conserve nela. Seria a mais aflita criatura do mundo, se soubesse não estar na graça de Deus!>>” (p. 187).