Esta é mais uma obra da mentora Espiritual de Divaldo Pereira Franco que nos traz a sua abordagem à Psicologia Transpessoal. Fazendo uso da psicologia analítica elaborada pelo psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), Ângelis discorre o seu pensamento para nos levar ao íntimo humano e, nele, nos compreendermos. Fala-nos, por exemplo, da culpa e do facto desta nos poder gerar desequilíbrio afetivo, temendo-o. Fala-nos do sentido da crítica perversa e como esta afeta o próprio. Por exemplo, quando se olha os outros de forma excessivamente crítica pode-se estar a refletir neles a nossa sombra, que está por encarar. Pelo que, ao ganharmos consciência que somos iguais aos que condenamos, e ao enfrentarmos a nossa sombra (que habita dentro de nós e conforma os nossos defeitos e medos), tirando-lhe a prisão da energia psíquica usada para criticar, acusar, apontar o que está errado ou julgamos errado, ajuda-nos a nos melhorarmos. Neste sentido, é sugerido que “dediquemos tempo a ajudar outros, pois contribui para recanalizar a energia psíquica aprisionada”. (p.50)
Entre tantos ensinamentos úteis é igualmente de referir o facto de o amor ser o alicerce da paz, pelo qual se verifica que “o desfrute da serenidade só é possível se pela afetividade correta, pelo sentimento de amizade fraternal, pela generosidade do sorriso rico de ternura, com a consciência do dever cumprido corretamente.” (p.61)
Fala-nos também do confronto entre o ego e o Self (o Eu Maior, a alma), cujo dirimir de razões íntimas, que põe em confronto resistência à mudança interior e transformação – geradora de conflito, nos pode conduzir à crise. Porém, esta é útil, pois, fugir a este confronto transformador é permanecer, por vezes, na condição indesejada. Tudo isto é um trabalho que visa a individuação, não como condição de busca pela perfeição, ou como o ego entende, mas antes como caminho para o “ser inteiro com luz e sombra, unido” (p.96)
Muitos são os ensinamentos e os convites à reflexão proporcionados por esta obra. Um compêndio de saberes para leitores e terapeutas.
“«É preciso que sejam os seus pés a marcar o destino» José Saramago” (p.124)
Citações
“Há os que desistem porque não acreditam que merecem melhor, mas isso apenas esconde a falta de vontade para se transformar, pois uma vida melhor implica uma pessoa melhor. Outros desistem por medo de fracassar, o que denota um enorme orgulho, pois têm dificuldade em reconhecerem o erro.” (p.127)