Partilhamos dois diálogos com espíritos numa Casa Espírita, em Viseu, ocorridos durante o primeiro trimestre de 2017.

As pessoas ao buscarem a acumulação de bens encontram maior bem-estar, mas continuam em busca da felicidade, pois a este conceito corresponde um sentido mais amplo, que inclui a envolvência espiritual.

A glândula pineal comanda as emoções e o acesso irrestrito a todo o sistema endócrino, atuando ainda na esfera sexual e sobre as forças do inconsciente. Por ela estabelecem-se as ligações entre o ser humano e os espíritos.

Não basta almejar uma existência exclusivamente material. As nossas escolhas moldam o nosso provir, na vida presente, mas também depois da morte do corpo. Afinal, a vida do espírito é o garante da nossa individualidade e o resultado no nosso esforço de evolução – eterna.

O génio, sob muitos pontos de vista, é uma das formas da mediunidade. Na humanidade a genialidade tem-se expressado a partir da inspiração, sendo a missão dos indivíduos de génio esperada. Porém, sem o trabalho de aprimoramento em vidas sucessivas não haveria, na presente, aderência à inspiração da genialidade.

A Inteligência Emocional (QE) e a Inteligência Espiritual (QS) são facetas de uma inteligência mais sensível. A primeira capacita a geração de empatia pelos outros e a segunda a perspetivar o propósito da vida.

Deus, causa primária de todas as coisas, deve ser alvo de compreensão, não propriamente de crença. Porém, os homens das religiões criaram esse Deus em que se deve acreditar ao invés de compreender.

O sexo e o pensamento são os dois grandes campos de força que se exercitam na nossa mente. Quem nega o sexo desprovido de amor sincero procura imprimir ao seu percurso o propósito de afetos devido. Isto não significa uma moral elevada ou ser-se retrógrado.

Se vivemos vidas sucessivas, reencarnando, a informação genética herdada não advém dos pais, mas sim de nós mesmos. Essa informação é transportada pelo perispírito – corpo fluídico, ou semi-material, que liga o espírito ao corpo físico.

A partir de finais do séc. XIX novos conceitos viriam a forjar as noções do pensamento sistémico, que não refuta a racionalidade científica, mas que entende que as artes e as dimensões espirituais também devem incluir a equação do desenvolvimento humano.

O tempo da matéria não é igual ao do espírito, tal como se verifica na doença e no envelhecimento do corpo onde a dor se faz sentir. E como a lei do amor foi aquela que Jesus nos ensinou, os cuidados paliativos são a resposta mais adequada para com aqueles que vivem a dor.

A ingratidão é um cancro que devora a humanidade em transição. A gratidão é como um bálsamo que luariza a criatura humana, é pois um sentimento de respeito ao bem que se recebe.

Repetimos: lista de espera para tratar pessoas que pensam, com frequência, em pôr fim à vida, que já tentaram pôr fim à vida, que têm comportamentos de auto dano… Este é um cenário que se repete em todo o país.

O auxílio prestado na sala de trabalho mediúnico na Casa Espírita realiza-se por amor ao próximo. Visa-se o consolo espiritual do espírito que se manifesta no médium e da pessoa que vai em busca de auxílio à Casa Espírita.

Somos a decisão de hoje e os registos no nosso inconsciente, onde residem cicatrizes profundas fruto das nossas quedas morais, ensinamentos e liames de amor.

Somos seres espirituais a viver experiências num corpo físico. O inconsciente é o Espírito, vaso do conhecimento somado pela sua evolução ao longo de sucessivas reencarnações.

É importante notar que a causa da perturbação ou doença psicológica, psíquica ou mental é sempre de origem espiritual, podendo esta, pela continuação da perturbação, derivar numa doença com efeitos orgânicos.

Afirmar que o destino é o nada revela descuido para com inúmeros trabalhos da ciência e da filosofia, mas também sobre os ensinamentos de Jesus e no que foi vertido na obra de Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita, a respeito da vida.

Misturam-se conceitos e confunde-se Deus com religiões. Põe-se a crença cega no lugar da razão.

A inspiração é um processo apoiado pela intercedência espiritual traduzido no recebimento espontâneo de ideias, pensamentos, conceções. A intuição tem como fonte de informação os conhecimentos adquiridos ao longo das nossas vidas sucessivas.

Ao longo dos tempos, a mulher foi sendo a ponte elevatória e de associação entre a obra de harmonia social e o movimento geral das ideias. A permeabilidade da sua sensibilidade estende-se à compreensão da reencarnação e das leis gerais que regem a vida do espírito.

Os mais desprovidos materialmente têm um maior foco no essencial, o que exclui o ócio, o desperdício, e muitos dos vícios humanos que conduzem o indivíduo à queda moral, ao egoísmo ao inflar do orgulho, da vaidade, da avareza.

Os Espíritos auxiliam pela inspiração e pelo apuro da intuição que nos conduz a mais criatividade, confiança e paz. A paragem não é igual a vazio. Não há vazio, mas sim sintonia.

O riso é uma manifestação negativa, e o sorriso é uma indicação de superioridade. O que sorri tem a consciência de si; o que se ri desconhece a sua própria inconsciência (Eça de Queirós Póstumo).

Jesus não operou milagres, pois estes são uma impossibilidade face às leis da física, da natureza, e, por conseguinte, de Deus. Contudo, os feitos descritos como milagres sucederam, pelo que a sua análise carece de uma abordagem pelo uso da razão.

A sociedade em geral e a comunidade científica em particular continua a desconhecer ou a negar a nossa natural e contínua ligação com o mundo dos Espíritos, que nos inspiram e ajudam ao progresso humano.

O indivíduo doador está mais conotado com o sucesso, por que há uma rede de reconhecimento e retribuição em seu favor. É uma rede que sabe que não recebeu para que um dia lhe fosse cobrado.

O passe deve ser silencioso, discreto e dispensa o toque, a qualquer pretexto, na pessoa que o recebe. A transmissão faz-se de aura a aura, faz-se pelo magnetismo do passista e por assistência do plano espiritual.

A mediunidade é um instrumento que se desenvolve de forma natural e gradativa, pelo que não pode ser precipitado ou acelerado pela vontade do indivíduo.

A necessidade de resolução de conflitos entre espíritos desavindos proporciona o reencontro no seio familiar. Ali serão saradas feridas pelo nutrir do amor, vestido pelas lições fraternais da maternidade, paternidade e do laço de sangue.

Se a depressão é a noite escura da alma, com dizia S. João da Cruz, há que compreender que ela é também um instrumento da psique para nos alertar sobre algo de profundamente errado, que necessita da nossa atenção e ajuste.

O Homem fazendo uso do seu livre arbítrio e da própria vontade polariza a sua visão e por ela manifesta um comportamento. Não é Deus que lhe atribui esse comportamento, pois a vida não assenta no determinismo.

O Self (alma) promove as nossas ligações empáticas com os outros. O ego, se dominador do ser, exprime os desejos submetidos ao orgulho e ao egoísmo, que torna o indivíduo escravo das recompensas imediatas e dos prazeres mundanos.

Na inconsciência temos gravado o acumulado das nossas experiências e saberes (das vidas sucessivas), bem como as referidas cicatrizes morais. A reencarnação permite resolver aquelas cicatrizes pela evolução moral e do conhecimento.

O pensamento transmite-se de forma ideoplástica, por imagens. As imagens são emitidas/ capturadas pela glândula pineal e traduzidas para a linguagem de cada indivíduo pelo cérebro.

Não há castigo, nem vantagens de uns em relação a outros, mas sim o cumprimento de leis morais visando-se o aprimoramento do espírito no decurso de diversas reencarnações, tantas quantas o indivíduo precise para que aprenda a viver com o bem e deixe de fazer o mal.

Toda a ação tem uma reação, pelo que se hoje encontramos o desemprego é porque, eventualmente, ontem desperdiçámos a oportunidade de o cumprir com lisura. Sim, pode parecer confuso, mas afinal o que é o ontem?

A sombra não é apenas o conteúdo arquivado no inconsciente resultante do nosso comportamento moral em vidas passadas e do psiquismo presente. É, também, a guardiã da informação sobre tendências que carecem de alteração.

Nunca estamos sós. Inúmeras vezes o nosso ânimo é estimulado por espíritos amigos e abnegados, que nos inspiram à descoberta, impulsionam à evolução do todo social e humano e que apoiam a intuição para acedermos à informação que reside em nós, no inconsciente.

A sequência de nascimento e morte não acontece como culturalmente nos habituámos a aceitar. Com a reencarnação o espírito ganha uma nova vida corpórea num contexto condizente com as suas próprias provas e expiações.

O Homem é a união da alma, do perispírito e do corpo. A alma é um espírito encarnado, e o espírito é o princípio inteligente, origem da inteligência.

O indivíduo solidário denota mais inteligência do que aquele que é mais egoísta e centrado em si. O primeiro pode somar às soluções que procura a inteligência de outros que, como ele, são solidários. O egoísta conta apenas consigo mesmo.

Jesus representa a vivência do ser humano Integral. A inovação da Boa Nova atravessou dois milénios e ainda não foi totalmente compreendida. É no inconsciente que reside o alimento da alma e Jesus mostrou como o ir pescar ao outro lado da vida. O futuro está em saber fazê-lo.

Urge uma ciência mais religiosa e uma religião mais científica. Se a natureza não se organiza por disciplinas e a vida do Homem se perfaz num corpo pelo espírito, então a abordagem tem de ser transdisciplinar e incluir a reflexão sobre a nossa religação natural a Deus.

A Boa Nova de Jesus foi a grande inovação da sua época, mas volvidos 2000 anos ainda são poucos os que a compreendem e aceitam como óbvia e evidente. É a resistência à verdade, à mudança, tal como refere Schopenhauer.

O sentido da vida passa pela aquisição de saberes sobre como agir em favor de nós próprios e do próximo, nomeadamente de forma caridosa, compassiva, solidária e misericordiosa. Passa ainda pelo saber amar e pelo saber viver com propósito.

O Espiritismo não é “o” argumento para convencer outros sobre a realidade dos espíritos, mas sim “o” instrumento de transformação pessoal. Ajuda a centrar no essencial: o perene, em vez de no transitório.

É habitual dizer-se que a vida é uma dádiva, mas será a morte o fim dessa dádiva? Não, embora saibamos que a perca do ente querido será sempre recebida com dor e saudade. Porém, a morte do corpo pode ser compreendida.

Perdoar também é aceitar que somos seres em construção, impreparados, pelo que falhamos. Não há uns melhores que outros de forma absoluta, nem aquele que perdoa e avança sem hesitar indo ao encontro imediato da sua paz.

A sucessão de maus usos de vã glória marca caminho pelos trilhos do egoísmo. Tudo termina e começa na responsabilidade, e passa pelo facto de ainda não termos percebido que a glória é moral, que se resume ao saber amar.

Especulamos que os media sociais têm um papel na vida humana que vai para lá do que julgamos ser a sua principal função: entretenimento e comunicação. Também são um meio de “treino” da abstração ajudando à apreensão da realidade espiritual.

O orgulho de uns em relação à maledicência de outros sobrepõe-se ao sentimento de caridade e de amor para com as faltas de terceiros. Instala-se o preconceito, a punição, a exclusão.

Fé significa fidelidade aos propósitos da missão de vida de cada um. Se soubermos a nossa missão e tivermos objetivos claros, saberemos fazer o caminho a que nos predestinámos. O propósito é simples, mas de difícil realização, pois visa a transformação de relações de ódio, ou desamor, em amor.

Deus, causa primeira e inteligente de todas as coisas, é o argumento que dá significado ao facto de não derivarmos do “nada”. E como nada não daria origem a nada, e nós estamos cá, está explicado. Por outro lado, também não somos apenas um corpo, ou um corpo de um corpo, nem uma entidade que vive unicamente à custa de impulsos nervosos de si para si. Nem nunca seremos uma entidade mecânica e reprogramável, um dia, pela mão de uma ciência distópica. A reencarnação é um facto estudado e relatado por diversos prismas.

Continuamos a infantilizar a conceção de Deus e a não nos questionarmos sobre o que quererá de nós. E é nesta turbulência da vida moderna que cada vez mais estamos sujeitos às influências do meio, da classe, do partido, dos instintos e, isto, apesar de tanto a religião como a ciência continuarem a procurar Deus.